Sinais de que estamos na “Época dos Humanos” | Museu do Amanhã

Antropoceno: Sinais de que estamos na “Época dos Humanos”

Exposição Principal
I Hate Flash/ Foto: Raul Aragão

Por Thaís Cerqueira*

A atividade humana modificou de forma tão intensa os fluxos naturais do planeta Terra que hoje nos tornamos uma força geológica. O Antropoceno – ou “Época dos Humanos” - é marcado pelo aumento exponencial da população, a utilização dos combustíveis fósseis em larga escala, principalmente carvão e petróleo, a agricultura intensiva com o uso de adubos, a expansão da urbanização e do conhecimento, consumo exacerbado, as grandes emissões de dióxido de carbono na atmosfera, entre outros fatores. 

O impacto humano no planeta é evidente e suas consequências já são visíveis nas alterações climáticas, na perda de biodiversidade e no aumento da acidez dos oceanos.

Mudanças climáticas

As ações humanas estão modificando o clima e a atmosfera. Segundo o meteorologista Gilvan Sampaio de Oliveira, um dos consultores do Museu do Amanhã, essas transformações ocorrem principalmente pela grande emissão de gases de efeito-estufa na atmosfera. Essas emissões vêm provocando, ao longo do último século, um aumento de temperatura considerável. Outros fatores que vêm contribuindo para o aquecimento global são as queimadas, a construção de cidades e os desmatamentos. E, nesse caso, o Brasil tem uma participação importante, pelo fato de ser um dos países com maiores taxas de desmatamentos do mundo. 

Com a elevação da temperatura global, a região tropical – Brasil incluído – já pode sentir o aumento de episódios extremos, como períodos de estiagem que se tornam cada vez mais frequentes e regiões mais secas com tendência de diminuição de chuvas. Essa dinâmica já pode ser observada no oeste do estado de Pernambuco e no Sul Piauí, que a cada ano vão criando núcleos de desertificação. 

Outra evidência dessas mudanças é o aumento de chuvas intensas, que pode estar associado a mais episódios de enchentes, inundações, escorregamentos de encostas e erosão do solo. 

– Estamos observando em todo o centro sul do Brasil, que as tempestades estão se tornando cada vez mais frequentes, por exemplo, em São José dos Campos, município no interior do Estado de São Paulo, nós tínhamos na década de 70 e 80, cerca de 23 casos de chuva intensa por ano, hoje temos em média 45 casos, ou seja, praticamente dobrou – afirma o meteorologista. 

Biodiversidade em risco

Com a perda de habitat, a poluição, o desmatamento, as mudanças climáticas e as invasões biológicas estamos vivendo um grande declínio da biodiversidade. A extinção de espécies, embora seja um evento que aconteça naturalmente, chama a atenção pois tem ocorrido em uma escala sem precedentes. A acelerada remoção e degradação ambientais causadas pelo ser humano tem sido considerada a principal causa de ameaça de extinção de espécies.

– Nos últimos 500 anos cerca de 800 espécies de plantas e animais foram consideradas extintas pela União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). A atual taxa de extinção de espécies é, em média, entre 100 e 1000 vezes maior que níveis pré-humanos e caminha para ser 10 mil vezes mais elevada, valores que indicam que a situação nos últimos anos é de extinção rápida, com tendência à aceleração – diz a bióloga Maria Alice dos Santos Alves, uma das consultoras do Museu do Amanhã. 

Outro indício dessas alterações no Antropoceno é a acidificação dos oceanos. Com a elevação do nível de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera causado por ação humana, tem ocorrido a elevação da acidificação oceânica, que tem consequências muito negativas para a vida marinha, incluindo alterações fisiológicas dos organismos que vivem nesse ambiente. 

– O aumento da acidez da água prejudica diretamente o desenvolvimento dos recifes de corais que são altamente produtivos e têm uma elevada biodiversidade – lembra a bióloga. 

*Thaís Cerqueira é da equipe de Conteúdo do Museu do Amanhã

 

 

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