Um Porto de histórias | Museu do Amanhã

Especialistas na Região Portuária se reúnem para a aula inaugural do 'Mauá 360'

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O auditório lotado para a aula inaugural do projeto Mauá 360 / Foto: Marcos Tristão - Museu do Amanhã

O píer onde hoje se encontra o Museu do Amanhã, conhecido pelos moradores do Rio de Janeiro como Píer Mauá, foi por muito tempo apenas a extensão de uma praça vazia e inabitada. Fora construído no início da década de 1950 para receber navios para a Copa do Mundo que aconteceria no Brasil naquele ano. De Copa a Olimpíadas, hoje o píer, a praça e a estátua que levam o nome do Barão de Mauá são novas referências para a história da Região Portuária do Rio. E foi em clima de celebração desta nova fase que o píer – e o Museu nele erguido – receberam conhecedores da história carioca para a aula inaugural do projeto Mauá 360, nesta terça-feira (15).

O projeto, idealizado pela área de Relações Comunitárias do Museu, é parte das ações de engajamento com o público mais próximo ao Amanhã: seus vizinhos da Região Portuária. A ideia essencial é que, a partir da estátua de Mauá, situada no centro da praça, um giro em 360º pode nos transportar em uma viagem por passado, presente e futuro da cidade do Rio de Janeiro.

Uma seleção de profundos conhecedores da região compareceu à aula inaugural do Mauá 360: o roteirista e diretor Guto Nobre, que há dez anos realiza caminhadas em grupo pelo centro histórico do Rio; Paulo Knauss, diretor do Museu Histórico Nacional; Augusto Ivan, arquiteto e urbanista; e Luiz Antônio Simas, historiador e especialista em cultura afro. Em comum, uma visão otimista dos rumos da revitalização de um dos pontos de maior valor histórico para a cidade do Rio.

- Esta região não é só porto. É porta. É oportunidade - disse Guto Nobre a uma plateia lotada de jovens e moradores da região. Para o especialista, resta a nós a construção desta nova história e das memórias que desejamos legar para a cidade. Guto citou as inúmeras igrejas e monumentos que, bem preservados, estão hoje mais acessíveis ao público.

O historiador Paulo Knauss celebrou a região lembrando a história da ocupação da cidade, que começou por lá.

- O Rio de Janeiro sempre foi uma cidade de muitos barcos, com uma vida que acontecia dentro d’água - lembrou Knauss, acompanhado de imagens históricas que retratavam a Baía de Guanabara repleta de navios e baleias. O cais, segundo o historiador, era, por isto, o local mais simbólico.

- A impressão é que estamos constituindo uma vida na Região Portuária onde haverá novamente um cais. Mas nosso cais será o cais de todo mundo - comemorou.

Projeto oferece aulas de história para moradores da região

Luiz Antônio Simas destacou a herança africana como um dos pontos mais marcantes da Região Portuária. Aqui os africanos desembarcavam de suas viagens de degredo e, contou Simas, ressuscitavam da morte simbólica que a escravidão e a separação de suas terras lhes infligiam. Ao renascerem no Brasil, reinventavam uma nova vida, novos pertencimentos e novas maneiras de lidar com a realidade. Tudo isto é parte essencial da constituição do povo brasileiro.

- Fomos civilizados por padrões europeus, mas também por homens que não pintaram catedrais nem escreveram poemas - lembrou Simas.

O projeto Mauá 360 irá avançar com uma formação de oito aulas, voltadas para jovens da Região Portuária e a equipe de educadores do Museu, para, em seguida, tornar-se uma atividade regular do Museu, na qual o público poderá fazer esta viagem guiada pela história do Rio de Janeiro a partir da estátua do Barão de Mauá.

O Museu, parte essencial do processo de revitalização do Porto, também oferece entrada gratuita a todos os moradores da região, mediante cadastro no Programa de Vizinhos. Nas palavras do diretor-geral do Museu do Amanhã, Ricardo Piquet:

- Aos nossos visitantes a gente agradece a presença. À Região Portuária, pedimos licença e agradecemos por termos sido convidados.

O Museu do Amanhã é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão - IDG. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, concebido em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo. Exemplo bem-sucedido de parceria entre o poder público e a iniciativa privada, o Museu conta com o Banco Santander como patrocinador master, a Shell Brasil, ArcelorMittal, Grupo CCR e Instituto Cultural Vale como mantenedores e uma ampla rede de patrocinadores que inclui Engie, IBM e Volvo. Tendo a Globo como parceiro estratégico e Copatrocínio da B3, Droga Raia e White Martins, conta ainda com apoio de Bloomberg, EMS, Renner, TechnipFMC e Valgroup. Além da Accenture, DataPrev e Granado apoiando em projetos especiais, contamos com os parceiros de mídia SulAmérica Paradiso, Rádio Mix e Revista Piauí.